Este 1º de maio se apresenta em tempos difíceis, resultantes do maior ataque à democracia e aos direitos do povo brasileiro desde a ditadura militar. A explosão da bomba de capitalismo selvagem – que hoje atende pelo nome de neoliberalismo – veio com o golpe parlamentar dado por Michel Temer, em 2016. A ação, que manchou para sempre a história do nosso Brasil, foi (e é) patrocinada por uma mídia totalmente parcial e sem compromisso com o interesse público; por multimilionários de dentro e fora do país, e que atingiram tal status por explorarem as riquezas naturais e humanas que aqui provemos; e por deputados e senadores que atuam em interesse próprio e somam pilhas de processos por corrupção, trabalho escravo e outros crimes que resultariam em prisão diante de uma Justiça de fato justa.
Desde que se apropriou da presidência da República, Temer – que conseguiu se livrar de um processo de corrupção comprando votos de parlamentares – fez um verdadeiro desmonte de tudo que conseguimos a partir de anos e anos de luta. Para conseguir tal feito, uma das primeiras ações do golpista foi retirar a urgência de tramitação do pacote de medidas anti-corrupção que havia sido enviado ao Congresso pela presidenta eleita Dilma Rousseff.
Na estratégia maligna de Temer, esteve também a tal reforma administrativa dos ministérios, que extinguiu as pastas que tratam de direitos, que promovem o crescimento e o desenvolvimento do país. Entre eles, o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos e o Ministério do Desenvolvimento Social.
A partir daí, o golpista aprovou o congelamento dos investimentos da União por 20 anos (PEC 55 no Senado e 241 na Câmara), que impede o avanço em direitos básicos como educação, segurança e saúde, além de asfixiar municípios que vivem basicamente desta verba.
Na lógica perversa de Temer, programas sociais como Bolsa Família, o Pronatec, o Fies, o Prouni, o Minha Casa Minha Vida, que deram cidadania a milhares de brasileiros também são desnecessários. De acordo com o Tesouro Nacional, só no primeiro semestre de 2017, os gastos do governo com o Minha Casa Minha Vida, por exemplo, teve corte de mais de R$ 1,5 bilhões. No mesmo ano, 543 mil beneficiários do Bolsa Família foram excluídos do programa.
Enquanto isso, no Congresso Nacional, os aliados do golpista trabalhavam a todo vapor para institucionalizar a escravidão contemporânea. Em menos de um mês, Câmara e Senado aprovaram a terceirização ilimitada das atividades e a reforma trabalhista que, juntas, configuram a maior perda da classe trabalhadora neste século. Salários rebaixados, acidentes sem punição e perda das proteções previstas na CLT são alguns dos resultados que já tivemos após a aprovação dos projetos. Isso sem falar na tentativa de aprovar a reforma da Previdência, que enterraria de uma vez por todas todos os direitos da classe trabalhadora.
Temer também é defensor da política do entreguismo. Desde que assumiu o poder, ele vem sinalizando o desmonte da Petrobras e a desnacionalização da indústria petrolífera. O golpista e parlamentares aliados entregaram às multinacionais gringas o pré-sal, terminais portuários, aeroportos. E ainda estão na mira as refinarias de petróleo, o setor elétrico – com a privatização da Eletrobras – e outros 57 projetos e empresas estatais, incluindo a Casa da Moeda.
Paralelo a isso, a cultura do ódio é proliferada e líderes da esquerda brasileira vêm sendo executados e presos. É o caso de Marielle e Lula. Ela, vereadora conhecida por lutar pelos direitos humanos e pelos mais pobres, foi vítima da intervenção militar imposta por Temer ao Rio de Janeiro e, à luz do dia, foi executada – junto com Andersom, seu motorista.
Já Lula, o presidente que tirou o Brasil do mapa da miséria, foi preso injustamente após um julgamento injusto, criminoso, baseado em convicções e inflado por um linchamento midiático.
Este último fato parece ter sido o estopim para o povo brasileiro, que vem vendo com indignação as consequências do golpe. Lula não conseguiu impedir o impeachment de Dilma, tampouco garantir sua liberdade. Mas, carregado pela multidão que o acompanhava após a decisão de sua prisão, ele deu o sopro final para que se alastrasse a chama da resistência.
E é com esta bandeira que nasce este 1º de maio: com a união das esquerdas brasileiras, a intensificação da organização de classe, a unidade do povo brasileiro na luta pela democracia e em defesa dos seus direitos. O momento é de ressurgir; de mudar os eixos da história. É momento de usar a nossa indignação e a nossa coragem para gerar e nutrir a esperança.
Marielle Vive!
Lula Livre!
CUT Brasília