Câmara Federal demite trabalhadores terceirizados

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Por Imprensa Sindiserviços-DF – Robson Oliveira Silva

A Câmara dos Deputados, em Brasília, vem determinando para as empresas prestadoras de serviços a dispensa de empregados e sem nenhuma explicação.

 

Grande parte desses trabalhadores já atua na Casa há 20 anos nos serviços de limpeza, copa, ascensoristas, carregadores, vigilância, entre outras funções terceirizadas. Alguns, já estão para se aposentar.

 

Foi o que destacou a presidente Maria Isabel Caetano dos Reis (Dona Isabel), acompanhada pelo diretor de Formação Sindical Jorge Luiz Prates, do Sindiserviços-DF, sindicato que representa os trabalhadores terceirizados no Distrito Federal (DF).

Para tentar reaver o emprego dos 45 profissionais que já estão de Aviso Prévio, a deputada federal e presidente do PT/DF Erika Kokay, entregou na tarde dessa quarta-feira (12), na presidência da Câmara dos Deputados, documento endereçado para o presidente Rodrigo Maia (DEM/RJ), no qual relata demissões injustificadas de trabalhadores terceirizados e solicita a readmissão.

 

A deputada estava acompanhada pela parlamentar Luiza Erundina (PSOL/SP), o deputado João Daniel (PT/SE), o deputado Lincoln Portela (PRB/MG) e deputado Cabo Daciolo (PTdoB/RJ), juntamente com os diretores do Sindiserviços-DF, da Associação dos Trabalhadores Terceirizados do Congresso Nacional (Astecon) e Sindicato dos Vigilantes do DF (Sindesv/DF). Dessa ultima categoria, 50 vigilantes estão sendo ameaçados de demissão.

 

Demissão sem justificativa

A presidente da Astecon, Valdivia Martins Ramos (Val), informou que quase 3.500 terceirizados atuam nas diversas áreas de prestação de serviços do Legislativo Federal.

 

Esclarecendo que os trabalhadores que já estão de aviso prévio foram pegos de surpresa, pois não houve nenhuma explicação ou justificativa para a demissão dos profissionais.

 

Carregador há 26 anos na Casa, Cícero Vieira, mora na Cidade Ocidental e sai de casa para o trabalho às 4 horas da manhã, ele disse que nunca atrasou para chegar ao serviço e estava inconsolável, pois só tem o seu salário da Empresa Plansul como fonte renda para criar três filhos e demais familiares.

Já o caso do senhor Antonio Cezário, que trabalha há 34 anos na Câmara e está há dois anos para se aposentar, envolve diretamente o próprio Rodrigo Maia, pois ele é garçom na residência oficial do presidente.

 

O carregador Antonio Albuquerque, que tem 30 anos de prestação de serviços e é ascensorista, não sabe como vai ficar sua vida futura.

 

Claudenice Jeane, há 24 anos conduz nos elevadores importantes personalidades do nosso País, está aflita e também inconsolável com a perda do emprego.

 

Todos os trabalhadores estão revoltados e extremamente preocupados, pois vão figurar, disse Val da Associação dos Terceirizados, neste momento de crise econômica na lista dos 14,2 milhões de desempregados no país.

 

Manifestação e apadrinhados

Antes da entrega do documento reivindicatório, centenas de trabalhadores terceirizados, parlamentares, diretores do Sindiserviços-DF, da Astecon, Sindesv/DF, assessores dos parlamentares percorreram os corredores da Câmara para buscar apoio dos demais empregados da Casa.

 

O deputado distrital Chico Vigilante (PT/DF), por meio da sua assessoria, distribuiu nota destacando que conhece bem a luta dos trabalhadores terceirizados na Câmara, por ser profissionalmente vigilante e ter atuado como deputado federal.

A presidente do Sindiserviços-DF, Maria Isabel, falou que já não é de hoje que os trabalhadores terceirizados na Câmara sofrem represálias e são inexplicavelmente demitidos.

 

Sua principal desconfiança é que os trabalhadores estão sendo demitidos para serem substituídos por apadrinhados de parlamentares.

 

Ela ressaltou que já é uma vergonha o que o Congresso Nacional está fazendo ao aprovar a famigerada Reforma Trabalhista do golpista Michel Temer.

 

Que em sua opinião, rouba direitos e conquistas da classe trabalhadora e literalmente joga no lixo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Constituição Federal.

 

Durante a manifestação, o deputado Cabo Daciolo (PTdoB-RJ), destacou que a medida pode até ser legal, mas protestou afirmando ser imoral, pois visa única e exclusivamente demitir trabalhadores para dar vez a apadrinhados.

 

Incentivando os trabalhadores a se organizarem para lutar ordeiramente pelos seus diretos.

 

O parlamentar alertou que hoje são esses 45 trabalhadores, mas amanhã poderão ser os demais profissionais e os elogiou afirmando serem à base de funcionamento daquela Casa de Leis.

 

Frente Parlamentar em Defesa

Para tentar frear tantas arbitrariedades e desenvolver ações de promoção e defesa dos direitos dos trabalhadores terceirizados na Câmara, no ano passado foi criada a Frente Parlamentar em Defesa dos Trabalhadores em Empresas de Prestação de Serviços, coordenada pela deputada Erika e que tem o apoio de 200 dos 513 deputados federais.

 

A deputada discursou no lançamento do manifesto da Frente dizendo que; “nós, parlamentares, estamos unidos com os trabalhadores terceirizados na Câmara para trabalharmos uma agenda positiva para os trabalhadores das empresas que prestam serviços na Casa, não apenas no sentido de fiscalizar o fiel cumprimento da legislação trabalhista por parte das empresas, mas também como forma de encampar propostas que venham beneficiar os trabalhadores, garantindo-lhes sempre as melhores condições de trabalho e, sobretudo, a valorização desses profissionais".