A queda na taxa de juros e na inflação, além do aumento para servidores públicos e para as forças de segurança, são fatores que influenciam para um futuro promissor e aquecido
O desempenho da atividade econômica do Distrito Federal, no primeiro trimestre de 2023, aponta para uma melhora do cenário, após o período mais crítico da pandemia causada pela covid-19. Em comparação com o mesmo período do ano passado, houve um crescimento geral de 2%, de acordo com a Diretoria de Estatística e Pesquisa Socioeconômica (Dieps/IpeDF). Analisando a contribuição dos grandes setores para a geração de riqueza na economia distrital, a Dieps estima uma expansão de 5,2% no valor gerado pela agropecuária, de 4,0% na atividade industrial e de 1,8% no setor de serviços.
A diretoria de estatística ressalta que o setor de serviços representa 86% da composição da economia do Distrito Federal. Economista, sociólogo e professor de mercado financeiro da Universidade de Brasília (UnB), César Bergo lembra que o setor público — tanto o local como o da União — também exerce uma grande influência na economia do DF. “Sobretudo em razão de sua atuação contracíclica (do setor). Em momentos de retração econômica, por exemplo, como aconteceu durante a pandemia, o nível de emprego se manteve constante e acabou, de alguma forma, contribuindo para manter um certo equilíbrio da economia aqui no DF”, esclarece.
De acordo com o especialista, o setor de serviços, representado sobretudo pelo de comunicação e informação, foi o menos afetado durante a pandemia. “Pelo contrário, ele até cresceu em função das alterações no mercado de trabalho, em que foi exigido, em função do isolamento social, o trabalho home office. Isso acabou fortalecendo esse setores, que mantiveram o seu nível de atividade”, observa.
Para Bergo, a análise geral da economia mostra que Brasíia está melhor do que a média nacional. “O PIB, por exemplo, vem apresentando números realmente muito positivos. Também temos a questão da inflação do DF, que vem se apresentando um pouco menor do que a média do país”, avalia. “Nos próximos meses, deveremos ver a queda da taxa de juros, que vai favorecer muito a operação da indústria, a qual depende de recursos e financiamentos”, acrescenta.
Além disso, Bergo destaca que a recomposição salarial dos servidores públicos do Distrito Federal e das forças de segurança também acaba refletindo na melhoria das atividades econômicas. “No geral, Brasília promete melhorar ainda mais nos próximos meses, há uma projeção firme de crescimento, sobretudo para esse setor de serviço, e isso acaba contribuindo para a melhoria geral da economia do DF”, comenta.
Tecnologia
O coordenador de graduação em economia, gestão pública e financeira do Centro Universitário Iesb, Riezo Silva, segue a mesma linha de opinião. Para ele, os aumentos salariais, tanto para as forças de segurança quanto para os servidores públicos podem aumentar o poder de compra desses grupos. “Isto, por sua vez, pode impulsionar o consumo de bens e serviços no DF, o que acaba beneficiando empresas locais, por gerar demanda e ajudar, ainda mais, na recuperação econômica do DF”, destaca.
Assim como Bergo, o especialista do Iesb acredita que o setor tecnológico está sobressaindo, desde o início da pandemia. “A pandemia acelerou a transformação digital em várias áreas de serviços. Isso inclui a educação on-line, a telemedicina, o trabalho remoto e os serviços de entrega. Por isso, o DF está incentivando a inovação e a digitalização para impulsionar a recuperação econômica”, detalha.
Para Silva, a economia do DF tem números positivos para pensar no futuro econômico, que estão ligados à geração de empregos e à inflação. “A Pesquisa de Emprego e Desemprego (Ped) mostra redução de 0,3 pontos percentuais na taxa de desemprego, em junho. Além disso, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) registrou um aumento no contingente de trabalhadores, foram 11,5 mil novos postos de trabalho no segundo trimestre de 2023”, destaca. “Também houve uma redução na disseminação da inflação na cesta de produtos do DF. Esses números demonstram que podemos ter uma economia bastante aquecida nos próximos meses”, aponta o especialista.
Investimento
O otimismo com o cenário econômico não é apenas dos especialistas. Presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-DF), José Aparecido Freire afirma que a queda na taxa Selic, a queda nos índices inflacionários e os reajustes salariais concedidos no setor público, tanto na esfera federal quanto na distrital, além dos reajustes no setor privado, são fatores que deixam o setor animado.
Para Freire, o setor que mais tem se destacado na retomada da economia é o de eventos. “Aqui no Distrito Federal, por exemplo, estamos vivendo um período de muitos eventos e ainda temos muitos programados para os próximos meses”, observa. “É importante lembrar que o setor movimenta outras 52 atividades econômicas do setor produtivo, como transporte, alimentação, hospedagem, técnicos de montagem e artistas, tudo interligado na cadeia da economia criativa”, descreve o presidente da Fecomércio-DF.
Outro fator que pode influenciar no crescimento da economia local é a nova versão do Programa de Incentivo à Regularização Fiscal do Distrito Federal (Refis), que foi enviada em 5 de setembro pelo Governo do Distrito Federal (GDF) à Câmara Legislativa (CLDF). É o que afirma o presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista-DF), Sebastião Abritta.
O presidente do Sindivarejista-DF também coloca a geração de empregos como essencial. “Um segmento completa o outro. Quando uma empresa contrata, por exemplo, esses funcionários utilizam seus salários para consumir, fazendo com que outros setores também cresçam”, explica.