Casos de dengue têm queda no DF. Especialistas apontam para alternância

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Infectologistas afirmam que a dengue apresenta alternâncias de anos com alta e baixa incidência. Apesar da redução, é necessário que cuidados sejam permanentes e a população é o principal personagem no combate ao mosquito

O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde (MS) aponta para uma redução no número de casos de dengue, no Distrito Federal. Até setembro de 2023, foram registrados na capital federal cerca de 25 mil ocorrências de infecção causada pelo mosquito Aedes aegypti. No mesmo período do ano passado, eram 62 mil, sendo 56 de dengue hemorrágica — a forma mais grave da doença.

De acordo com os infectologista Victor Bertollo e o sanitarista Jonas Brant, a dengue vem sempre se apresentando com alternâncias de anos com alta e baixa incidência no número de casos. Os próprios dados do Ministério da Saúde corroboram para isso. Em 2019 foi um ano com alto índice de infectados pela doença, enquanto 2020 e 2021 de baixa e 2022 de nova alta. “A baixa incidência em 2023 é compatível com o que conhecemos sobre a imunidade para a dengue”, afirma Bertollo.

Especialistas apontam que infectados por um determinado sorotipo desenvolvem imunidade duradoura para o mesmo microrganismo e parcial para os demais tipos de infecção por, em média, dois anos.

Ao Correio, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) informou que a redução de casos ao longo de 2023 está relacionada às ações da secretaria, como as inspeções nos imóveis. Porém, o sanitarista e professor da Universidade de Brasília (UnB), Jonas Brant, afirma que a atribuição necessita de mais evidências para tal conclusão, já que a literatura mostra que quando há um ano epidêmico — com aumento no número de casos — a tendência é que o próximo seja de queda.

Segundo a secretaria, o mosquito Aedes aegypti tem se adaptado cada vez mais aos ambientes da área urbana. Antes, para que o inseto se reproduzisse, a fêmea necessariamente teria que depositar seus ovos em água limpa e parada. Atualmente, isso não é mais uma regra, podendo os zigotos serem depositados, inclusive, em água suja.

Cuidado permanente

Victor Bertollo destaca que a principal forma de prevenção da dengue é o controle do vetor Aedes aegypti e que o combate aos criadouros do mosquito também previne outras doenças, como chikungunya e zika. “A prevenção da dengue precisa ser um cuidado continuado, sendo que estamos constantemente em risco de ocorrência de novas ondas epidêmicas e com maior gravidade”, alerta Bertollo.

Na avaliação de Jonas Brant, é esperado que a visita dos agentes às residências ocorra a cada dois meses. Para ele, a ação é fundamental, não apenas para remover os depósitos de ovos do mosquito, mas, também, para orientar os moradores a manterem o imóvel controlado. Assim, a tendência é diminuir a infestação. Brant defende, ainda, que o engajamento da população garante que o imóvel não será um criadouro.

“O mosquito consegue se reproduzir em uma ou duas semanas. Então, o trabalho do morador é o mais importante, porque em dois meses vários ciclos de nascimento do mosquito podem ocorrer naquele imóvel se o morador não fizer o trabalho dele”, diz.

A SES-DF orienta que os moradores tenham o hábito semanal de vistoriar o imóvel e tomar algumas ações, como limpar as calhas, vedar bem caixas d’água e tambores, colocar areia nos vasos de plantas e retirar água acumulada do degelo que fica atrás de algumas geladeiras, larvicidas e armadilhas que capturam os ovos e também o mosquito em sua fase adulta.

Desde janeiro, foram realizadas dois milhões de vistorias em imóveis no DF. cerca de 465 mil possíveis depósitos para o mosquito precisam ser tratados e/ou eliminados.

Sintomas da doença

A pedagoga Luciana Rita da Silva Rodrigues contraiu a doença duas vezes neste ano. A professora conta que sentiu mais medo da dengue do que da covid-19. “Eu senti muita dor de cabeça, meu corpo realmente não respondia, eu fiquei acamada e com o corpo muito frágil. Espero nunca mais ter dengue novamente”, relata.

O mal-estar de Luciana era tanto que ela ficou completamente paralisada, a ponto de quase não conseguir fazer as atividades normais do dia a dia, como levantar para tomar banho. “A dengue é perigosa. Quando ela vem forte e ataca de forma mais agressiva, ela te paralisa, de fato”, afirma.

Luciana toma alguns cuidados em casa, como não deixar as plantas com água parada e manter os ambientes o mais seco possível. “Na minha vizinhança passa o pessoal da dengue visitando as casas e já me deram um produto — como um comprimido —, que você pode depositar em alguns lugares que têm mais possibilidade do mosquito se proliferar, então eu sempre coloco”, destaca.