O combate à intolerância religiosa é um dever diário

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O combate à intolerância religiosa é um dever diário

 

 

Escrito por: Ana Lúcia – Diretora do Sindiserviços-DF e Secretária de Políticas de Promoção para Igualdade Racial da Contracs-CUT

20/01/2017

Viver em sociedade é conviver com a diversidade, portanto, o combate à intolerância religiosa também faz parte da vida dos trabalhadores/as
 

 

A data de 21 de janeiro é para o mundo, o Dia Internacional da Religião, também lembrado no Brasil, onde não por acaso, celebra também o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. 

O Brasil trouxe na sua formação social a diversidade cultural, que consequentemente resvalou também na formação da religiosidade do povo brasileiro. Esta veio desde o início mesclando valores e crenças entre os indígenas que aqui já habitavam e, com o passar dos anos, somou-se aos dogmas dos povos europeus e africanos.

Hoje, a diversidade religiosa no Brasil é percebida por parte das pessoas, mas não é reconhecida de fato e de direito pelo Estado, muito embora determine na Constituição, a laicidade em seu artigo 5°, o Estado não dá a mesma concessão de terrenos para construção de templos religiosos bem como a isenção de impostos de forma igualitária para todas as religiões, ficando as minorias sempre excluídas.

 

Desta forma, a chamada “Paz Religiosa” fica no imaginário, e o factual está na forma explícita nas diversas formas de intolerância praticadas face às diferentes opiniões de culto religioso.

Assim como o preconceito racial está presente na sociedade, os valores religiosos não ficaram imunes às regras estabelecidas por quem sempre escreveu a história e definiu como regra, o lugar de cada um no contexto social brasileiro. Sendo assim, as religiões de matrizes africanas são as principais vítimas do descaso, da demonização e, sobretudo, de agressões físicas.

Ao lançarmos os olhares mundo afora sobre religião, a multiplicidade de escolhas é motivo de conflitos étnicos e até mesmo guerras sangrentas. Se focarmos no Brasil, a intolerância religiosa é manifestada em vários segmentos até de uma mesma fé Cristã, onde altares e imagens são quebrados.  Nestes casos, o fanatismo religioso e o sectarismo prevalecem e distancia cidadãos, compatriotas, enfim, separam seres humanos.

Quando a intolerância envolve religiões de matrizes africanas o caso é ainda pior. As acusações e condenações se nivelam por baixo, partindo para a agressão e demonização das práticas religiosas que têm suas raízes próprias, e que sempre foram profetizadas e cultuadas, no anonimato ou acreditando na liberdade de consciência e de crença garantida, na forma da lei, sob a proteção aos locais de culto e a suas liturgias, como assegura a Carta Magna. Porém, tais direitos, infelizmente não são gozados em sua plenitude.

Apesar de vivermos em uma democracia, o respeito à diversidade de opiniões parece não existir. O fato de as pessoas terem sua religião definida não impossibilita o entendimento sobre a liberdade de crenças alheias ao modelo ao qual foi educado e, consequentemente, não deixar que um pré-conceito o torne tão fanático a ponto de tomar atitudes discriminatórias e de não compreender e aceita a heterogeneidade de crenças.

Viver em sociedade é conviver com as diversidades. É saber se colocar no lugar do outro, refletir o quão cômodo sente o indivíduo que não tem a liberdade de manifestar suas vontades, em especial a fé que professa. Na busca do caminho para libertação, que as almas boas então se multipliquem e encontrem nesta jornada a compressão, a aceitação da existência do outro.

 

Por fim, a compaixão fará com que as pessoas tratem uma às outras como tratassem a si próprias. Desse modo, não acometer ninguém com aquilo que jamais gostaria que acontecesse consigo, e assim será dado um passo importante rumo à compreensão da natureza das diversidades religiosas entre indivíduos e nações.